Seu Deus o convida a crescer ou a involuir?
Em novo livro, Teólogo doutor em Psicologia da Religião discute como diferentes imagens semiconscientes da divindade resultam em integridade ou em atrofia da personalidade
Que sentimentos você nutre em seu íntimo a respeito de Deus? Será que predomina o medo por acreditar que ele é severo, punitivo e, mesmo, cruel, ou, antes, o que impera é a confiança por considerá-lo bondoso, amoroso e acolhedor? Estes são alguns dos questionamentos levantados pelo filósofo, teólogo e doutor em Psicologia da Religião, Zenon Lotufo Jr., no livro Teologia e Plenitude Humana.
Resultado de aprofundada pesquisa que serviu de base à sua tese de doutorado pela PUC-SP, acrescida de longa experiência como professor e psicoterapeuta transacional, o autor apoia-se no crescente número de estudos acadêmicos sobre como se dá a formação da Imagem de Deus – em grande medida afetiva e inconsciente e que não deve ser confundida com o conceito de Deus, intelectual e consciente – e como ela influencia aspectos importantes da personalidade conduzindo-a ou à integridade ou à atrofia.
Publicada inicialmente em inglês sob o título Cruel God, Kind God, o livro discute as influências, nas atitudes e perspectivas humanas, de duas linhas radicalmente diferentes de cristianismo: uma que tem por base a metáfora de um Deus cruel e outra alicerçada na imagem de um Deus bondoso. Enquanto uma resulta da imagem de um Deus monarca, juiz, cruel e vingativo, a outra está enraizada na imagem de um Ser divino piedoso, amoroso e acolhedor. Esta última, segundo o autor, é a visão que decorre essencialmente dos ensinamentos de Cristo.
Para Zenon, aqueles que creem em um Deus de amor são beneficiados em termos de saúde mental, autoaceitação e bem-estar. Mas, sobretudo, essas pessoas costumam ter um perfil amoroso, compassivo e inquiridor. Já aqueles que seguem doutrinas religiosas conservadoras tendem a sofrer com ansiedade, baixa autoestima, sentimento de rejeição e altas doses de culpa. Estes podem. alternativamente, impregnar-se de ideologias, religiosas ou não que os tornam indiferentes ao sofrimento alheio. São também propensos ao fanatismo, à intolerância e ao discurso de ódio.
Desse cristianismo, que valoriza sobretudo a adesão a doutrinas, a
credos e a instituições criadas por mãos humanas, resultaram guerras e
perseguições religiosas, as Cruzadas, a Santa Inquisição. No plano
psicológico, dele decorrem o medo, a culpa, a vergonha, que
lançam suas sombras sobre tão grande número de pessoas.
(Teologia da Plenitude Humana, pg. 245)
Por meio da análise psicoteológica e crítica de algumas das doutrinas perniciosas, mas consideradas fundamentais pelo cristianismo conservador, Teologia e Plenitude Humana propõe caminhos que permitem desenvolver um sentimento de verdadeira proximidade com Cristo e com o Pai, liberando recursos que resultam no viver em plenitude. Sua leitura pode ser útil a estudiosos dos fenômenos religiosos, a psicoterapeutas confrontados com pacientes emaranhados em crenças perturbadoras, a líderes religiosos comprometidos com a entrega de ensinamentos saudáveis aos seus seguidores e, sem dúvida, ao leitor comum interessado no crescimento psicológico e espiritual.
Ficha técnica
Título:Teologia e plenitude humana
Autor:Zenon Lotufo Jr.
Editora: Lura Editorial
ISBN:978-65-8043-066-6
Tamanho: 16 x 23 cm
Páginas: 320
Preço: R$ 68, 90
Onde encontrar: Amazon, Livraria Leitura e Martins Fontes Paulista
Sobre o autor
Zenon Lotufo Jr. é filósofo, teólogo, doutor em Ciências da Religião pela PUC-SP, especializado em Análise Transacional, Logoterapia e Terapia Cognitiva e professor do Curso de Formação em Terapia Comportamental e Cognitiva do Instituto de Psiquiatria do HC, da FM-USP. Nascido em Santos (SP), em 1939, Lotufo Jr. é casado há 60 anos com Nilda Lotufo, com quem tem 6 filhos e 11 netos.