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Executivo explica como varejo pode se beneficiar de FIDCs

O número de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) cresceu 106% no Brasil entre dezembro de 2020 e abril de 2024. Houve também um crescimento de 179% no patrimônio líquido dessa modalidade, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Um FIDC, como explica o Portal do Investidor do governo federal, funciona a partir de aplicações em títulos de crédito criados a partir de contas a receber de uma determinada entidade. Nesse fundo, investidores unem seus recursos em um investimento comum, observando a regra de aplicação mínima em Direitos Creditórios (um direito de crédito a ser recebido).

Segundo Adilson Rufino, executivo de vendas sênior da iDtrust, empresas do varejo também podem se beneficiar de investimentos em FIDCs. 

“O varejo, muitas vezes, enfrenta desafios com o fluxo de caixa devido ao recebimento das vendas a prazo. Ao vender esses direitos creditórios (como duplicatas e cheques pré-datados) para o FIDC, as empresas recebem recursos de forma antecipada, melhorando assim a liquidez e permitindo que continuem operando sem interrupções”, diz Rufino.

É o caso hipotético, por exemplo, de um varejo que vende produtos a prazo. Ao precisar de dinheiro imediato para expandir seus negócios e abrir novas lojas, a empresa decide “vender” essas contas a receber para um FIDC. 

Os investidores compram esses recebíveis e antecipam o dinheiro ‒ com desconto ‒  para a farmácia. Em troca, os investidores recebem o valor das parcelas pagas pelos clientes ao longo do tempo.

“O FIDC é uma oportunidade para o varejo se tornar mais ágil e competitivo. Imagine reinvestir o dinheiro das vendas parceladas imediatamente, seja para comprar mais estoque, ampliar a loja ou lançar uma promoção especial. Isso pode fazer a diferença em um mercado tão disputado”, acrescenta Rufino. A empresa na qual ele atua é especializada em tecnologia para operações com recebíveis.

Outro ponto mencionado pelo executivo é que, ao transferir os direitos creditórios para o FIDC, o risco de inadimplência é assumido pelo fundo, e não mais pela empresa varejista. Trata-se de algo que pode ser particularmente vantajoso em setores nos quais a inadimplência dos clientes é uma preocupação constante, diz.

Desafios

“Claro, não dá para ignorar que existem desafios. Montar um FIDC exige um volume mínimo de créditos e uma gestão financeira organizada. A boa notícia é que o mercado está evoluindo. Hoje, já existem plataformas digitais e fintechs que simplificam o acesso aos FIDCs, tornando-os mais acessíveis até para os  pequenos e médios varejistas”, explica Rufino.

Na sua visão, a falta de informação acaba sendo uma barreira para uma maior adesão aos FIDCs. “Muitos varejistas ainda não conhecem os FIDCs ou não sabem como eles podem ajudar. Outros podem achar que é algo só para as grandes redes. Porém, a burocracia e os custos, que antes pareciam intransponíveis, estão diminuindo”, diz.

A cultura do setor também influencia nesse processo. Como explica Rufino, o varejo, de modo geral, sempre dependeu muito do crédito tradicional, como empréstimos bancários ou antecipação de recebíveis via bancos comerciais.

“Essas práticas já estão consolidadas e, mesmo que os juros estejam altos, muitas empresas preferem seguir pelo caminho conhecido a se aventurar em algo novo. Mudar a mentalidade leva tempo”, justifica.

Existe ainda uma preocupação com a exposição de dados. Para montar um FIDC, diz Rufino, a empresa precisa revelar os seus recebíveis e, em alguns casos, até informações sobre sua saúde financeira. É algo que pode gerar receio, com varejistas temendo o risco de informações sensíveis vazarem ou caírem nas mãos de concorrentes.

“Apesar de os FIDCs serem uma ferramenta segura quando bem estruturados, há sempre aquele medo de que os créditos incluídos no fundo não sejam honrados. No varejo, no qual a inadimplência é uma preocupação constante, isso pode assustar. Ninguém quer ver o nome da empresa envolvido em um problema de crédito”, complementa Rufino.

De forma geral, o executivo considera que o potencial é grande, mesmo com os desafios citados. Ele vê de forma positiva os dados de que os FIDCs cresceram nos últimos anos e diz que o cenário é positivo para essa modalidade também em 2025.

“Com o tempo, e talvez um empurrãozinho de quem já conhece o potencial desses fundos, é possível que a situação mude para o varejo. Afinal, em um cenário de incertezas, diversificar as fontes de recursos pode ser a chave para se manter competitivo”, afirma. 

Para saber mais, basta acessar: https://www.idtrust.com.br/