Especialista alerta para o cuidado com o consumo de chás de ervas
Apesar de popular, o uso de chás para “tratamentos” de saúde não é recomendável, de acordo com médicos hepatologistas consultados
Muita gente já ouviu da mãe ou da avó que tratar dores e incômodos no corpo com chás a base de diferentes plantas e ervas é uma boa alternativa. Existem muitas receitas de chás com ervas e plantas que prometem milagres para curar a ressaca, emagrecer, desintoxicar e até limpar os rins e fígado.
A aposentada Rosa Pereira Munhoz conta que desde criança a família usa as ervas para esse fim. “Sempre pegávamos no quintal, na plantação da minha avó. Ela sempre sabia para que cada erva servia”, conta.
Apesar de comum, o uso de chás para “tratamentos” não é recomendável por médicos hepatologistas. De acordo com a especialista em Gastroenterologia e Hepatologia, Carolina Pimentel, não há um limite seguro para o consumo de chás derivados de ervas e plantas ditas medicinais.
“Ao contrário do que a população imagina, alguns tipos de chá podem provocar graves intoxicações ao fígado independentemente da quantidade consumida. Por esse motivo, é preciso ficar atento às limitações de cada pessoa e a erva utilizada”, explica.
Diversos relatos de pacientes sugerem problemas causados por chás comuns como o verde, cascara sagrada e cavalinha, até outros mais raros.
“As ditas ‘receitas para a desintoxicação do fígado’, muito comuns depois de festas, férias e feriadões, por exemplo, podem causar dano ainda maior ao fígado. A desinformação no consumo de chás pode levar a sérias complicações de saúde, como inflamação e até perda do fígado, algumas vezes com necessidade de transplante”, diz a médica.
Esta intoxicação não é fácil de ser diagnosticada pois, na maior parte dos casos, não produz sintomas. “Alguns dos sinais que podem servir de alerta para a população é a fraqueza e olhos amarelados. Por ser uma doença na maioria das vezes silenciosa, é fundamental o conhecimento e alerta da população. Apenas exames de sangue e uma avaliação médica são capazes de confirmar o diagnóstico”, diz Pimentel.