Gestão eficiente da água é requisito básico para evitar a escassez
Apesar de, durante muitos anos, ter sido considerada um recurso natural infinito, há algumas décadas, o mundo compreendeu que o mau uso da água pode, sim, ocasionar a sua escassez.
A quantidade de água no planeta é estável. Não muda. Assim, quem olha um oceano, não assimila bem a ideia de falta de água. O que muda na realidade é a disponibilidade da água potável. Isso varia, e muito, de região para região, de época do ano, e do cuidado da população ou descaso da mesma.
Cerca de 97,5% de toda água na Terra é salgada. Apenas 2,5% é doce, sendo que desta parcela, 1,72% está congelada nos polos Sul e Norte e geleiras no alto de montanhas, outros 0,75% são águas subterrâneas.
“Cada brasileiro gasta, em média, 185 litros de água por dia, enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda o máximo de 110 litros. O desperdício é um dos fatores que agravam a escassez desse recurso”, salienta Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios.
O país é dividido pela Agência Nacional de Águas em 12 regiões hidrográficas e dessas a região amazônica tem aproximadamente 80% da disponibilidade hídrica total do País. Ou seja, nas regiões mais populosas, a disponibilidade hídrica se assemelha à de regiões igualmente populosas na Europa.
A Amazônia e o Pantanal têm um grande potencial, mas a Mata Atlântica, onde vivem cerca de 70% dos brasileiros, está encontrando dificuldades para manter o abastecimento.
Segundo o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos 2015 – Água para um Mundo Sustentável, documento elaborado pela Unesco, o consumo da água cresceu duas vezes mais do que a população nas últimas décadas. Seguindo o mesmo padrão de uso desse recurso, estima-se que até 2030 o mundo deve alcançar um déficit de 40% no abastecimento de água.
“A água da chuva é extremamente subaproveitada na sociedade. É um recurso disponível e que pode ser devidamente armazenado para momentos de necessidade, além de ser usado para diversos fins que vão da manutenção das áreas comuns, como jardins, pátios e fachadas, até o reuso dentro das residências”, pontua Vininha F. Carvalho.
No Brasil, 70% do consumo de água residencial está nos jardins. Daí a importância de ações e tecnologias mais inteligentes para se economizar ao máximo, como o sistema de gotejamento da água da chuva. Dependendo do sistema de captação, filtragem e distribuição, isso pode ser pouco ou mais automatizado. Litros e litros de água são desperdiçados quando não é aproveitado o recurso ao máximo. Há sistemas de filtragem que são próprios para casas e até mesmo para condomínios.
“A água é um dos pilares da economia brasileira e só continuará tendo abundância se forem preservadas as fontes. Mas precisamos sair do conceito e das leis escritas e passarmos para a ação, cobrança e fiscalização. E isso requer compromisso do governo, da sociedade e das empresas”, conclui Vininha F. Carvalho.