Março amarelo: uma em cada dez mulheres tem endometriose
Dados do Ministério da Saúde indicam que uma a cada dez mulheres sofre com sintomas provenientes da endometriose no país. Mais de 26,4 mil atendimentos foram realizados no ano de 2021 no Sistema Único de Saúde (SUS), por isso, em março, chamamos atenção para a conscientização dos sintomas e a importância do diagnóstico precoce da endometriose, para evitar o desenvolvimento da doença que, em sua forma grave, pode causar infertilidade.
Segundo o dr. Thiago Borges, cirurgião especializado em endometriose do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), no Rio de Janeiro, pertencente à Dasa, a demora entre os primeiros sintomas e a identificação da doença pode ser de até dez anos. “Hoje acham que o diagnóstico é de fácil execução, porém, o intervalo entre o início dos sintomas e a confirmação da enfermidade pode chegar a dez anos. Como a endometriose pode ter diversos indícios que muitas vezes não são levados em consideração pelos médicos, a mulher pode achar que é normal sentir cólicas durante a menstruação ou ter dor na relação sexual.”
“Como é uma doença que pode atrapalhar muito a qualidade de vida das mulheres, assim como afetar a fertilidade conjugal, um diagnóstico precoce pode interferir diretamente no prognóstico das pacientes. Com um tratamento adequado e precoce, podemos dar melhor qualidade de vida a essa paciente e não deixar que ela chegue a quadros graves que coloquem em risco sua integridade física ou que possam atrapalhar seu desejo de ser mãe. O diagnóstico precoce é a chave do sucesso no tratamento da endometriose”, complementa o cirurgião.
Entre os sintomas, o médico alerta para os sinais de dor durante as relações sexuais, cólicas menstruais constantes e progressivas, dor e sangramento intestinal e urinário durante a menstruação e dificuldade para engravidar.
Existem diversas teorias sobre as causas da endometriose, mas nenhuma comprovação científica. O que se pode apontar atualmente são os fatores de risco considerados modificáveis, aqueles que estão relacionados com a alimentação, o consumo de cafeína e álcool, por exemplo, e os não modificáveis, que estão ligados a questões genéticas, prematuridade ao nascimento e baixo peso ao nascer.
Hoje há tratamento para a doença, mas é importante ressaltar que cada paciente tem suas necessidades e, por isso, uma terapêutica é diferente da outra. “Cada paciente deve ter a abordagem da enfermidade individualizada, levando em consideração suas queixas, desejos e extensão da doença. A cirurgia para uma paciente com endometriose apenas será indicada em caso de falha do tratamento clínico ou quando as lesões oferecerem prejuízo orgânico a ela”, explica do dr. Thiago.
“A cirurgia minimamente invasiva já é uma realidade para o tratamento da endometriose em todo o mundo, porém, com a chegada da cirurgia robótica, o procedimento ficou otimizado e tem melhor desfecho ante doenças com maior gravidade, já que proporciona mais ergonomia para o cirurgião, por meio da visão 3D, movimentos mais finos e delicados, menos sangramento, menos dor no pós-operatório e um retorno precoce às atividades do cotidiano”, enfatiza o especialista.
As pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado de endometriose devem observar de perto os sintomas com a ajuda de uma equipe multidisciplinar especializada nessa condição. Para melhorar a qualidade de vida delas, é indicado o acompanhamento de ginecologistas, urologistas, coloproctologistas, médico da dor, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos.