Dois terços das mães abandonam o trabalho por estresse
Dois terços das mães consideraram deixar a força de trabalho no ano passado devido ao estresse e ao custo dos cuidados infantis, a maior porcentagem entre a Geração Z, com 82%, segundo o 6º relatório Annual State of Motherhood Report, realizado pela Motherly e divulgado pela Forbes. Para apoiar essas mulheres, três médicas se uniram sob o nome de Tríade Rosa, utilizando redes sociais e eventos presenciais para orientar sobre as diferentes fases da maternidade e como buscar equilíbrio nessa jornada.
A psiquiatra Dra. Kátia Pegos destaca que a maternidade é marcada por diferentes fases, cada uma com suas demandas e desafios. No início, a privação de sono, as mudanças hormonais e a adaptação à nova rotina podem gerar ansiedade e até mesmo depressão pós-parto. “É fundamental buscar apoio profissional e o suporte de familiares, amigos e da comunidade nesse período tão delicado”, orienta a Dra.
Com o tempo, surgem novos desafios, como lidar com as birras das crianças, acompanhar o desenvolvimento escolar e social dos filhos, as mudanças de humor e a busca por autonomia na adolescência e os desafios de ainda cuidar de filhos adultos ou lidar com a Síndrome do Ninho Vazio. “É importante que a mulher entenda que não está sozinha. Existem diversas mães passando pelas mesmas experiências e desafios. E é fundamental cuidar da saúde física e mental desde cedo, buscando apoio profissional sempre que necessário”, acrescenta Dra. Kátia Pegos.
O relatório da Motherly aponta que apenas 39% das mães têm pelo menos uma hora para si mesmas todos os dias. Para conciliar responsabilidades maternais com a vida pessoal e o bem-estar individual, a gastroenterologista Dra. Zilá Abdala destaca a importância de uma alimentação balanceada e nutritiva. “Uma dieta rica em frutas, legumes, verduras e proteínas fornece energia para quem cuida das crianças e também dos filhos”, afirma.
Além da alimentação, a prática regular de exercícios físicos, mesmo que sejam atividades leves como caminhadas ou dança, é essencial para o bem-estar físico e mental. “Reservar um tempo para si mesma, seja para ler um livro, tomar um banho relaxante ou conversar com as amigas, também é essencial para recarregar as energias e equilibrar as forças”, complementa Dra. Zilá Abdala.
A ginecologista Dra. Nárcia Vilaça ressalta ainda que o acompanhamento médico deve ir muito além do pré-natal e do pós-parto. “Conciliar a vida sexual com o companheiro, suas próprias necessidades de descanso, a carreira profissional e o cuidado com os filhos exige um monitoramento profundo da saúde física da mulher que enfrenta, ao longo de toda a vida, uma série de mudanças hormonais que impactam diretamente na sua qualidade de vida”, explica Dra. Vilaça.
Para as médicas, a jornada da maternidade não precisa ser trilhada de maneira solitária. “Redes de apoio, especialmente formadas por outras mulheres, podem oferecer ajuda prática com os cuidados com o bebê, dar suporte emocional e proporcionar momentos de lazer, para que a pessoa que cuida dos filhos se sinta acolhida e amparada”, reforça Dra. Nárcia Vilaça.
Ela ainda explica que dividir as tarefas domésticas e de cuidados com os filhos entre todos os membros da família que coabitam o mesmo lar é essencial para promover um ambiente familiar mais justo e equilibrado. “Isso contribui para o bem-estar de todos, reduz o estresse e permite que cada um tenha mais tempo para se dedicar ao seu próprio cuidado e às suas atividades pessoais”, conclui.
Em última análise, as médicas apontam que a maternidade, apesar dos desafios, oferece inúmeras oportunidades de crescimento e realização pessoal. Elas reforçam a importância do autocuidado e do apoio mútuo entre mulheres, destacando que uma rede de solidariedade pode fortalecer e permitir uma vivência plena e saudável da maternidade. “Juntas, podemos construir uma rede de solidariedade que nos fortalece e nos permite viver a maternidade de forma plena e saudável, celebrando cada momento dessa experiência única e transformadora”, finalizam.